Conto VI
Trabalhei durante 5 anos numa
biblioteca municipal que está localizada num bairro histórico de Lisboa, o
Bairro Alto, perto do pitoresco e elegante bairro do Chiado. No Chiado está
localizada a Faculdade de Belas Artes. A biblioteca tem um acervo riquíssimo em
artes, na tabela classificação decimal universal (CDU) encontra-se classificado
com o número 7, artes; artes visuais, artes plásticas, artes digitais, cinema,
teatro, dança, ou seja, compreende o grande tema. Esta secção é, e sempre foi,
a mais visitada na biblioteca, onde os alunos de artes da faculdade ficam a
ocupar o maior espaço físico por terem à mão de semear os maiores génios e outros,
dos temas dados nos semestres em que as disciplinas se desdobram. Foi nessa
biblioteca que fiz o primeiro contacto com aquele que foi considerado o génio
da Bauhaus e grande influenciador da pintura abstracta lírica, que transmitiu
as emoções através da tela e no abstracto revela uma encenação teatral. Quase
todos os estudantes pediam o mesmo livro, Kandinsky, e todos eles queriam a
“Composição 8”. Ficava fascinada a olhar as cores que me deixavam a pensar o
que o pintor queria dizer com aquelas formas geométricas, numa composição
estética que bailam num espaço de explosão de cores, azuis rodopiam com
amarelos, as cores quentes convivem em harmonia com as cores frias. Foi muito
antes de lançar-me na minha aventura da pintura, parecia que estava a adivinhar
que um dia escreveria sobre a bela “Composição 8” de Kandinsky.
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