“O Homem quer e a obra nasce”. Quando desejamos muito uma coisa,
raramente não conseguimos atingir os nossos objetivos, foi a partir deste
proposto que cresceu a vontade interior e inspiração de começar a pintar.
Estava em 1997.
Nasci no Alentejo, em Mértola, no monte da Moreanes. Passados os
meus primeiros 6 anos em Lisboa, passei daí em diante a celebrar a Páscoa e o
Natal com os meus pais
na terra que me viu nascer.
Até hoje recordo o cheiro, da terra molhada, dos toros a arder na
lareira que crepitava durante toda a noite enquanto as mulheres amassavam as
filhós, o pão e os folares no forno a lenha nas épocas festivas.
Aos homens e às crianças era-lhes reservado o tempo para as conversas,
as brincadeiras, ao convívio, às canções alusivas à quadra e aos risos que
ainda hoje são traços bem definidos da minha personalidade.
A paisagem ondulante do campo alentejano dos mais variados tons
sempre me fascinou; os violetas, os diferentes verdes e as cores ocres
castanhos e amarelos, os azuis, os vermelhos e laranjas do por do sol, foram
responsáveis pelo escolher da paleta para as minhas telas. Da mistura das
variadas cores e do forte desejo de deitar para fora as minhas emoções nasceu a
minha obra; a paisagem do meu Alentejo profundo.
Convidada a expor em Portugal e no estrangeiro, em exposições
individuais e coletivas, em Galerias, Bienais e Instituições várias, até à data
reservo na memória momentos de grande honra, muitas emoções e desejos de
contribuir para ver crescer a arte pictórica do Alentejo que me viu
nascer.
Guika Rodrigues
Novembro de 2017