quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

NASCEU UMA FLOR

Nasceu uma Flor


Dia 12 de Fevereiro de 1964, numa noite fria de quarta-feira de cinzas, meia-noite e meia, num quarto humilde mas quente em afectos, os gritos dos foliões não abafavam a dor da mulher que paria à luz dum candeeiro a petróleo. Entre água a ferver numa panela de ferro que lentamente borbulhava nas brasas duma chaminé, água derramada numa usada bacia de esmalte branca, molhavam-se as toalhas de pano branco de linho que serviam para limpar e acariciar a mãe e a criança, a cama de ferro servia de encosto aos empurrões da mãe e puxões da velha parteira que fazia nascer uma flor, deu-se o milagre do nascimento.

Essa flor brilhou algures num lugar distante da cidade, numa aldeia do Alentejo profundo.
Foi tudo tão rápido. Na cidade cresceu, fez-se menina, feliz, sempre cheia de risos. Na responsabilidade tornou-se mulher, menos risos, uns dias mais outros menos feliz, fez amizades, amou, casou e foi mãe, aos seus rebentos rodeou-os de amor, muito amor e cuidados de alimento e luz intensa. Entretanto o mundo não parou de girar, e girou, girou, girou e um dia acordou num mundo diferente, nem melhor nem pior, mas diferente. Aprendeu que o desconhecido assusta, que a noite tens ruídos estranhos, que a solidão aumenta com a incerteza, que crescemos na sombra, na dor, no riso. Confiante na flor em que se transformara e na diferença que existe no mundo, o que mais a marcou foi saber que o Universo cresce a cada segundo e a enche de esperança. Passou a dar mais importância às coisas que são importantes, passou a dar mais valor às preciosidades do coração, viu mais do que olhou até então.

Em quem ama deposita amor, confiança, partilha e aceita as diferenças. Os que a amam retribuem com mais amor, são um pilar bem fortalecido desde os alicerces.
Mais um ano, mais uma etapa, mais uma dor nos ossos, mais uma dor na cabeça, mais uma ruga, mais um cabelo branco. Um dia com um sorriso outro dia com uma lágrima, um dia acordar entre lençóis quentinhos outro dia não dormir a pensar até a cabeça iluminar-se de faíscas. Os anos passam e quase não se dá por eles.

Quase me esqueço que faço 47 anos não fosse o meu melhor amigo Alzaimer lembrar-me com um valente empurrão e gritar-me aos ouvidos, FAZES ANOS!!!. Então anotei na minha secretária em letras garrafais; DIA 12 DE FEVEREIRO FAZES 47 ANOS SUA TONTA, ANOTA E CONVIDA QUEM SE LEMBRA E GOSTA DE TI PARA BRINDAR!!!! OK????

FRÁGEIS MAS FIRMES E DECIDIDOS A FICAR A CRESCER

Primeiro dia de Primavera

Acordei com os passarinhos a cantar na minha janela, estavam poisados nos ramos da árvore que dá sombra à janela do meu quarto. No Verão a sombra estende-se por toda a rua e principalmente pela janela do meu quarto deixando-a com uma cortina cinzenta. De Inverno a árvore despe-se e os ramos nus com uns tons lindíssimos de terra, castanho e verdes, brincam com os pequeninos raios de sol que teimam em espreitar timidamente. Mas a minha árvore, digo minha porque sempre a vi a li e já tem alguma idade, fica linda na Primavera. As folhas começam a despontar nos ramos que outrora se enchiam de musgo, agora adornadas, pequenas, frágeis mas firmes e decididas a ficar e crescer.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

LEVITAÇÃO


Um dia!

Um dia quando o céu se abrir. Um dia quando o sol espreitar pelas vidraças da minha janela. Um dia quando me sentir quentinha, vou abrir a janela e os raios de sol vão espreitar para dento do meu quarto. Aquecer a minha cama e nela vais-te deitar ao meu lado. Abraças-me, beijas-me, sentes-me, vai ser um nunca acabar de emoções

EXPLOSÃO

Dias radicais

Hoje acordei com o sol a bater na minha janela. Há muito que bani os estores, logo sinto o fresco, vejo o nevoeiro que se levanta e a noite que se deita, mas é o sol que mais me anima a alma. Os cortinados transparentes adornados por uns outros mais opacos não são suficientes para me tirar o melhor que me deram. Vida. Vida, aquecida por um calor natural e brilhante, logo que o sol desperta eu desperto também, a minha cabeça levanta-se em direcção à luz como que a beber. É o meu mais precioso alimento, devo ter sido réptil noutra reencarnação. Depois de ter feito uns bons minutinhos de ronha, contorço-me na cama, estico-me e oiço os ossos a estalarem, sinal de crescimento, dizia a minha mãe quando eu menina, agora é mais sinal de ferrugem, mas para a dita também há remédio, um pouco de uma boa pomada e passa nesse dia.
Devia estar bem assim, devia ser sempre assim, se não for melhor que seja como um destes dias, mas há dias em que é diferente, não consigo evitar e lá vou eu, desço a pique. Sabes daqueles corajosos que se lançam de uma ponte presos a um elástico? Pois, eu não sou dessas corajosas, mas de vez em quando apanham-me desprevenida, largam-me o elástico e, sem eu dar por isso, pimba, lá vou eu. Depois é agarrar-me a esse mesmo elástico e tentar subir, estás a ver já o resultado, subir por um elástico, é quase humor negro. Mas depois de algum tempo a esforçar, suar, bracejar, contorcer-me, gritar de emoção forte, pedir ajuda a Deus, Santos, Mãe, Pai, Amigos, tudo, todos, Tios, e entidades imaginárias, pronto, recupero.

Já vai algum tempo que pratico este desporto radical mas aos quarentas anos não é a mesma coisa de quando tinha vintes, não deixa de ser emocionante e ao mesmo tempo desafiante. Quando tenho alguém de cima a olhar ver-me subir, subo o elástico com outra motivação. Assim passam mais uns dias da minha vida.

MEU QUERIDO

Meu querido...

Soa mal mas sabe bem dizer... não sei como te posso dizer o quanto tenho saudades tuas, tenho sede de ti, até porque não fui capaz de saciar a minha sede durante os dias que estivemos juntos. Dias esses que foram como uma gota de água num oceano profundo e pleno de emoções.
Os dias passam e sinto cada vez mais um aperto no coração e na garganta como se fosse vagueando por um deserto sem água, tórrido de sensações, desgastado pela erosão do tempo, curto mas compacto de múltiplas imagens que passam a um ritmo alucinante.
Tenho alturas breve que me apetece abraçar-te, beijar-te, tocar-te, apertar-te... sentir o teu cheiro, a tua pele macia, bem... o que mais posso dizer.
Não sei quanto tempo terei de resistir à distância, à voz, às gargalhadas, à boa disposição constante, às palavras meigas, ao sotaque, ao apelo constante da tua imagem na minha cabeça, ao toque sempre lembrado das tuas mãos na minha pele, ao teu sentir em mim, dentro e quente, sempre e sempre...


Da tua e sempre que te adora

flor roxa, amarela, branca...
A cor que tu quiseres

ENCONTROS E DESENCONTROS


Definitivamente Deus não quer que eu tenha para já qualquer tipo de encontro com o amor. Porquê? Devo ter de demonstrar que o mereço, digo eu! Aprender com os erros, calejar, distinguir o bom do mau, o certo do errado, mostrar que sou merecedora. Devem existir padrões e comportamentos para se ser abençoada pelo desígnio de Deus para merecer o AMOR. Ser abençoada por Deus e pelo amor não deve ser para qualquer pecadora ou qualquer mortal. Não sei, vou esperar. É bem possível que exista outra vida e nelas reflectem-se os comportamentos nesta em que vivemos. O amor é para quem o merece para quem o entende.

SEDUÇÃO


Coragem

Eu quero alguém que tenha coragem. E saiba amar coisas simples e mulheres loucas. Quero alguém que acredite que os sonhos podem tornar-se em realidades. Que esteja farto de sonhos perfeitos e Romeu e Julieta. Mas de sonhos possíveis de serem trazidos para a vida real. Quero alguém que entenda. Goste de passear de mão dada à beira mar. Que me faça rir. E que não minta Quero alguém que goste de ler. Que me dê presentes fora de época. E que goste de dançar. Quero um amor que me compre biscoitos divertidos, cremes e duas alianças. Que tenha uma casa com guarda-roupa. TV grande. Banheira de hidromassagens. Jardim com flores. Gato. Cão. E uma cama de casal. ENORME.·(se cheirar bem, se tiver sentido de humor, inteligência e beijar bem, esqueço tudo)
PS: e se fores tu o eleito, contento-me com um banho de mangueira (no lugar da banheira) e óleo de amêndoas doces do supermercado

ONDE COUBER O MAL DA VIDA

Hoje acordei inteira.
Migalhas? Pedaços? Não, obrigada. Não gosto de nada que seja metade. Não gosto de meio-termo. Gosto dos extremos. Gosto do frio. Gosto do quente (depende do momento.) Gosto dos dedos dos pés congelados ou do calor que me faz suar o cabelo. Não gosto do morno. Não gosto de temperatura ambiente. Na verdade eu quero tudo. Ou não quero nada. Por favor, nada de pouco quando o mundo é meu. Não sei sentir em pequenas doses. Sempre fui daquelas que falam "eu amo-te" primeiro. Sempre fui daquelas que viram as costas sem olhar para trás. Sempre dei a cara à chapada. Sempre preferi o certo ao duvidoso. Quero que se alguém estiver comigo, que esteja. Mesmo que seja só naquele momento. Mesmo que mude de ideia no dia seguinte.
Pior do que sentir-me perdida é perder-me em mim mesmo. Num emaranhado do que acredito misturado ao que eu sou ou era. O que eu acredito, aposto contra o que mais detesto. O que eu tenho, vou joga com o que eu mais quero. O amor e as suas dores têm destas coisas, o coração contrapondo-se à razão.Eu não sei se alguém entende o raciocínio de quem não tem raciocinado, ou se entende o porquê das coisas que não se explicam.Quando a cabeça não pensa o corpo é que paga. Mas quando a cabeça pensa demais será que nossa alma enriquece?As certezas mudam, as prioridades deixam de ser prioridades já que não se sabe o que se deseja. Até sabe, mas está tão longe de ser alcançada e se estiver cansada, o mais fácil é deixar que as prioridades me encontrem primeiro e posso assim fugir do que não interessa. Os meus princípios enfraquecidos cobram-me uma atitude e EU cobro a coragem.Os olhos pesam e coração já bate fraco de tanto bater a vida inteira e muito mais nos últimos anos. De tanto chorar amor e fracassos. De tanto chorar pelo leite derramado, decido que entender é complicado demais. O quente queima e o frio é gelado demais, vai o morno que não causa sensação alguma e no momento não tem sequer condições de sentir o que quer que seja. Sentir dá trabalho e trabalho acarreta uma série de responsabilidades.

QUE LINDA TARDE ABERTA SOBRE O MAR

A vida num roteiro

Sigo a vida conforme o roteiro, sou quase normal por fora, para ninguém desconfiar. Mas por dentro eu deliro e questiono. Não quero uma vida pequena, um amor pequeno, uma alegria que caiba dentro do bolso. Eu quero mais que isso. Quero o que não vejo. Quero o que não entendo. Quero muito e quero sem fim. Não cresci para viver mais ou menos, nasci com dois pares de asas, vou aonde eu me quiser levar. Por isso, não me venham com superfícies, nada raso me satisfaz. Eu quero é o mergulho. Entrar de roupa e tudo, no infinito que é a vida. E rezar – se ainda acreditar – para sair ainda bem melhor do outro lado de lá.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

NO TEMPO E NO ESPAÇO

Duas cabeças dois pensamento

Li um dia em que andava desenfreada a fazer pesquisas sobre fuguras mitológicas que Aristófanes, poeta cómico grego, contemporâneo de Sócrates, afirmou que no começo os homens eram duplos, com duas cabeças, quatro braços e quatro pernas. Esses seres mitológicos eram chamados de andróginos. Os andróginos podiam ter o mesmo sexo nas duas metades, ou ser homem numa metade e mulher na outra.

Bem, isso tudo Aristófanes criou para explicar a origem e a importância do amor.

O mito fala que os andróginos eram muito poderosos e queriam conquistar o Olimpo dos deuses, e para isso construíram uma gigantesca torre. Os deuses, com o intuito de preservar o seu poder, decidiram punir aquelas criaturas orgulhosas dividindo-as em duas, criando, assim, os homens e as mulheres.
Segundo o mito, é por isso que homens e mulheres vagueiam infelizes, desde então, em busca de sua metade perdida. Tentam muitas metades, sem encontrar jamais a certa.

A parte do mito sobre a origem da humanidade perdeu-se ao longo das eras, mas a idéia de que o homem é um ser incompleto, em sua essência, perdura até hoje. Talvez seja em função disso que o ser humano busca, incessantemente, pela sua alma gemea para preencher sua carência afetiva.

Embora o romantismo tenha sustentado esse mito por milenios, e muitos de nós desejemos que exista a outra metade eterna, é preciso refletir sobre isto à luz da razão.

Se fossemos seres incompletos, perderíamos a nossa individualidade. Seríamos um espírito pela metade, e não poderíamos progredir, conquistar virtudes, ser feliz, a menos que nossa outra metade se juntasse a nós.
É certo que vamos encontrar muitas pessoas na face da terra com as quais temos muitas coisas em comum, mas são seres inteiros, e não pela metade. O que ocorre é que, quando convivemos com uma pessoa com a qual temos afinidades, desejamos retê-la para sempre ao nosso lado.

Até aí não haveria nenhum inconveniente, mas acontece que geralmente desejamos nos fundir numa só criatura, como os andróginos do mito. E nessa tentativa de fusão é que surge a confusão, pois nenhuma das metades quer abrir mão da sua forma de ser. Geralmente tentamos moldar o outro ao nosso gosto, violentando-lhe a individualidade.

O respeito ao outro, a aceitação da pessoa do que ela é, sem dúvida é a garantia de um bom relacionamento.

Assim, a relação entre dois inteiros é bem melhor do que entre duas metades. As diferenças é que dão a tonica dos relacionamentos saudáveis, pois se pensássemos de maneira identica à do nosso par, em todos os aspectos, não teríamos uma vida a dois. Pessoas com idéias diferentes têm grande chance de crescimento mútuo, sem que uma queira que o outro se modifique para que se transformem num só.

Assim, vale a pena pensar que embora o romantismo esteja presente em novelas, filmes, peças teatrais, indicando que a felicidade só é possível quando duas metades se fundem, essa não é a realidade.

Todos somos espíritos inteiros, a caminho do aperfeiçoamento integral.
Não seria justo que os nossos esforços por conquistar virtudes fossem em vão, por depender de outra criatura que não sabemos nem se tem interesse em se aperfeiçoar.

Por todas essas razões, acredita que não precisas de outra metade para ser feliz.
Luta para construir na própria alma um recanto de paz, de alegria, de harmonia e segurança, como espírito inteiro que é.

Só assim terás mais para oferecer a quem quer que encontres pelo caminho, com sua individualidade preservada e com o devido respeito à individualidade do outro.

O BEIJO


Estou quase a acreditar

Eu quase acredito em ti, acredito que tu existes, mas onde? Não sei! Mas que estás por aí algures, estás! Se estiveres, não precisas de gostar de mim se não quiseres. Mas não me faças acreditar que é amor, caso seja apenas sucedâneo. Não me digas nada, ou diz-me tudo. Não me olhes assim, tu dizes tanta coisa com um olhar. E o olhar mente, eu sei! E eu sei por que aprendi. Também sei mentir das formas mais perversas e doces possíveis, sabias? Mas o meu coração está rouco agora. GRAVE! Percebes porquê? Escuta só como ele bate. Não! Não é mais o mesmo, está sem ritmo, ora desacelera ora bate aceleradamente, sem controlo. O bater não é mais o mesmo. Não quero dizer que o tempo passou, e que tudo não passou de uma ilusão mas passou, que a ilusão acabou, apesar de tudo ser um pouco verdade. O problema não é esse. Eu não me contento com pouco. Não! Eu tenho MUITO dentro de mim e não estou a fim de dar sem receber nada em troca. Essa coisa bonita de dar sem receber funciona muito bem em rezas, histórias de santos, conversas... Mas eu não moro numa igreja, não sou santa, não evolui até esse ponto e só vou dar se receber também."

MOREANES

Meu Amor...

Se assim te posso chamar, sem reservas nem incertezas,

Os dias passam iguais, sinto um aperto no peito, um desgaste e a energia começa a faltar-me.

Chamo-te assim meu Amor porque só desta forma consigo sentir o que desejo e o quanto quero ser desejada...

Hoje quero partilhar contigo, dizer-te que hoje estou triste, muito triste, apetece-me rir alto, caminhar de mão dada numa praia deserta, ver o pôr do sol, olhar o horizonte, sentir o cheiro do mar, o cheiro das flores, do perfume que imanas e que juntos imanamos.

E que estou cansada, muito cansada, preciso de água fresca a escorrer da fonte, do ar dos pinheiros, olhar a planície dourada, cheirar o pão que a minha mãe fazia, ser embalada pelo colo do meu pai, do riso louco das minhas irmãs, do ladrar constante dos cães, do chilrear dos pássaros, do cantar do galo logo pela manhã,

Apetece-me chorar...chorar alto, gritar, contar ao mundo as injustiças, entregar-me às loucuras de outrora e às loucuras de agora, esquecer as certezas, acreditar nas incertezas, acreditar que um dia é sim e outro dia é não e que no dia sim virá um grande amor para me levar em pensamentos altos, errantes, desafiantes, constantes, e saber que posso respirar sem ter alguém a cobrar-me.

E dizer-te que não te quero magoar, desdenhar, envolver-te em situações dúbias, no meu passado sem resolução, mas amar-te no meu presente com solução, envolver-te nos meus braços, mimar-te, seduzir-te, desafiar-te, sentir-te e partilhar um sem número de coisas boas e que te façam feliz.

Vivo em constante desejo de fazer-me feliz e fazer alguém como tu feliz, de ter e estar numa família, onde junto caminharemos para uma velhice sem anseios, e em paz.

Juntos olhamos o mar sentados numa cadeira de baloiço, através de uma grande varanda de mão dada até que a morte me separe.

Sempre de mim para ti...

Margarida roxa, amarela, branca