Conto III
Almada! Não conhecendo muito bem,
tenho grande lembranças quando ia nas
férias da Páscoa para o Alentejo com
a família e, ao passar a ponte sobre o
Tejo, e ainda por estradas secundárias porque não havia ainda autoestrada,
passava no Centro Sul, e lá estava ele de braços aberto como que a querer
abraçar-me ou a querer dizer Benvinda ao Sul. Mas Almada Negreiros, para mim
representa um dos maiores génios da pintura portuguesa, atrevo-me mesmo a
dizer, génio da pintura Universal. Um dia, inesperadamente recebo um poemário,
fiquei de tão emociona, não por ser um poemário, mas porque era um poemário
especial, era um poemário do Fernando Pessoa, com os maiores e os mais geniais poemas
escritos, ali mesmo na minha mão. Mas o mais fascinante é que para além de ter
na minha mão poemas que percorrem o mundo inteiro tinha uma capa de um dos
maiores génios da poesia Universal, ou seja, dois em um, dois génios, o da
poesia e o da pintura, o génio da poesia retratado pelo génio da pintura ali na
minha mão. Usei-o, li-o, folheei-o vezes sem conta. Um dia, inesperadamente,
sem perceber como nem porquê, o poemário tinha desaparecido da minha estante.
Procurei-o na estante, no quarto, noutro quarto, e ainda noutro quarto, e nada.
Não o vi mais. Um certo dia, fui encontrar-me com uma amiga à Casa Fernando Pessoa
e, mais uma vez fui surpreendida. O poemário e o quadro estavam ali. O Fernando
Pessoa olhava para mim do alto da sua parede majestosa, pintado
maravilhosamente pelo pintor e o poemário numa estante, não era o meu, mas
estavam juntos como eu gostaria de os ter na minha casa. Foi assim o meu
encontro com o Fernando Pessoa e o grandíssimo Almada Negreiros.
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